quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

7- Maluco por livro

Maluco por Livro: acesso à leitura em um bairro carente de São Paulo

O Parque Residencial Cocaia, no extremo sul de São Paulo, é uma das mais afastadas e violentas regiões da cidade. Neste local de alta privação, o projeto Maluco por Livro busca incentivar a formação de leitores por meio de bibliotecas comunitárias e envolvendo jovens mediadores de leitura (de 12 a 20 anos), que realizam sessões semanais com turmas de dez crianças (de 0 a 12 anos) durante três meses. Além de livros infantis, é também utilizado como instrumento de mediação o Jornal Comunitário Resoluto, produzido pelos próprios adolescentes da comunidade.Em 2006, foram implantas quatro bibliotecas comunitárias na Península do Cocaia e formados 120 mediadores e 1.200 leitores.
Como tudo começou
No inicio o Manancial de Leitores se chamava Maluco por Livro e nasceuinspirado no Programa de Extensão Bibliotecária “Mala do Livro – BibliotecaDomiciliar”, instituído por decreto oficial da Secretaria de Cultura e Esportede Brasília em 1996. O Programa consiste no seguinte: donas de casarecebem caixas-estantes de livros, são capacitadas para cuidar do acervo econtrolar empréstimos, tornando-se agentes de leitura, o que facilita eincentiva a leitura em comunidades carentes distantes das bibliotecaspúblicas. Em 2001, o Mala do Livro alcançou a marca de 13,9 mil leitores, edistribuiu 350 malas em todas as cidades-satélites e em três cidades doentorno do DF.
A metodologia aplicada no Jd. Gaivotas
Não foi exatamente com malas, mas também distribuindo livros que o Maluco por Livro possibilitou a instalação de três mine-bibliotecas: na Unidade Básica de Saúde, na Associação de Famílias, presidida pela liderança Emília Vieira, e numa das creches da comunidade do Jd. Gaivotas, onde a Vento em Popa iniciou sua atuação na península do Cocaia. Na creche, sob a coordenação da educadora Jaciara, os livros potencializaram as aulas das crianças e alguns moradores começaram a fazer empréstimos. Semanalmente, na Associação e na Unidade de Saúde, eram organizadas mediações de leitura com o apoio da VEP que orientava o funcionamento das mini-bibliotecas e buscava parcerias. No entanto, a gestão e manutenção dos acervos continuavam sendo o grande desafio e o que indicou a necessidade de se repensar a estratégia.
Mudança de premissa
Analisando as primeiras experiências, o Maluco por Livro optou por mudarsua característica e passou a concentrar energias na organização de umaúnica e boa biblioteca em toda a comunidade do Jd.Gaivotas. Na própriasede da Vento em Popa, buscou-se criar um espaço com aura de biblioteca,ou seja, com ambiente para estudos, para mediações de leitura, e onde as dificuldades de gestão pudessem ser superadas.
A formação dos primeiros mediadores da comunidade
Contando com o apoio do projeto Anchieta e com a metodologia aplicadapela Abrinq/A Cor da Letra, o Maluco por livro conseguiu formar os primeiros mediadores de leitura da comunidade, jovens que voluntariamente começaram a realizar mediações na sede da VEP e na Escola Loteamento das Gaivotas I. Somando a atuação dos mediadores à biblioteca do Jd.Gaivotas e asdemais da península do Cocaia, o projeto foi tomando forma: percebeu-se que mais do que formar malucos por livros, é possível formar uma grande epoderosa rede de bibliotecas, que deve dar suporte às escolas, que têm papel dos mais importantes no desenvolvimento de uma comunidade de leitores. Nasceu assim o Manancial de Leitores.
Atuação nas Unidades de Saúde
Com foco nas crianças de 0 a 5 anos, o trabalho nas Unidades Básicas de Saúde consiste em aproveitar a credibilidade dos médicos, enfermeiros e Agentes Comunitários de Saúde para incentivar os pais a lerem em voz alta a seus bebês.O profissional de saúde explica os benefícios da leitura, dá dicas aos pais e receita um livro à criança. No mesmo ato, um livro infantil é emprestado para os pais, que então desenvolvem o ótimo hábito de ler para seus filhos.Essa metodologia foi comprovada pela ONG Americana Reach Out and Read, que desenvolve o projeto em mais de 50 Estados americanos e vem alcançando excelentes resultados. Foi nessa experiência vencedora que a Vento em Popa se inspirou para iniciar sua parceria com a Secretária Municipal de Saúde.
Atuação nas escolas
Para contemplar as crianças de 5 a 12 anos e complementar sua formação escolar, o projeto Manancial de Leitores leva até as escolas da região atividades de mediação de leitura, que são oferecidas no contra-turno escolar. A metodologia, desenvolvida pela Fundação Abrinq, é simples e atraente, por isso capaz de envolver tantos jovens voluntários.A meta do projeto é contribuir ainda com a instalação de bibliotecas nas escolas e contribuir para uma política pedagógica de incentivo à leitura, com capacitação de professores e uma cultura de avaliação e resultados.Bibliotecas comunitáriasInstalando pequenas bibliotecas nas comunidades e estabelecendo parcerias com as já existentes, o projeto facilita o acesso dos moradores aos livros e ao conhecimento.Quem cuida das 7 bibliotecas comunitárias instaladas pela comunidade são os próprios jovens, que recebem para tal uma capacitação da ONG parceira Fé e Alegria.
Formação de Agentes Culturais Comunitários
Através da parceria da Vento em Popa com a Fundação Fé e Alegria do Brasil, jovens com idades entre 13 e 21 anos, membros do Manancial de Leitores, podem participar do curso de formação de Agentes Culturais Comunitários (ACC’s) oferecido pela fundação.O curso tem a duração de 8 meses e é divido em dois módulos.• Mais sobre a Fundação Fé e Alegria: http://www.fealegria.org.br/

6- Pontos de Leitura


PONTOS DE LEITURA

Diante da extensão territorial da cidade de São Paulo e da grande densidade populacional, o número de bibliotecas não é suficiente para atender toda a população. Existem regiões, bairros e comunidades totalmente desprovidos de equipamentos culturais ou de difícil acesso às bibliotecas públicas. Esta carência de equipamentos culturais, principalmente nos locais onde o índice de desenvolvimento humano é menor, motivou a Secretaria Municipal de Cultura a pensar em um projeto de baixo custo, os Pontos de Leitura, que fosse uma alternativa à construção de bibliotecas e centros culturais. Desde 2006 já estão funcionando oito Pontos de Leitura.Os Pontos de Leitura, instalados em espaços públicos, com cerca de 40m² e acervo de 2000 itens entre livros, revistas, jornais e obras de referência, permitem que a população local tenha acesso à leitura e à informação.
5.3 Circular da linha 82

Circular da linha 82 oferece biblioteca itinerante à população

Certo dia, uma passageira intrigou-se com a cena a que assistira. Fixando o olhar naquele homem que folheava um livro. Conseguiu ver o autor. Era Jorge Amado. Entre um sossego e outro, enquanto não chegava passageiro, ele passava uma página. Admirada, antes de descer, foi até o moço e perguntou: “Você gosta de ler, cobrador?” Ele devolveu, envergonhado: “Gosto, sim, senhora!”.Uma semana depois, ela trouxe três livros de literatura brasileira para o cobrador Antônio da Conceição Ferreira, maranhense de 36 anos e há 13 morando no DF. Ele emocionado levou para casa seu mais novo acervo. Devorou-os. Enquanto lia suas histórias, pensou: “Por que não compartilhar isso com outras pessoas?” E ele teve uma grande idéia: levaria os livros para o ônibus e assim incentivaria outras pessoas a ler também. Antes, muito antes, havia pensado em montar uma biblioteca em Sobradinho II, onde mora. Seria um espaço de leitura e pesquisa para quem quisesse chegar. Desistiu pela completa falta de apoio e nenhuma condição financeira.Sem ter uma biblioteca fixa, resolveu que ela seria itinerante. Juntou as 10 obra que tinha em casa, colocou numa sacola e partiu para o ônibus onde trabalhava, um circular em Sobradinho II. Ali, a idéia se concretizou. Projeto Cultura no Ônibus. Incansavelmente, ele explicou sua idéia para os passageiros da sua linha. E pedia doação.A novidade se espalhou. Em poucos meses, havia centenas. De todos os tipos, gêneros, gostos. Até gibis. E o povo começou a ler, levar para casa, trocar. Falar de poesia, comentar sobre histórias. Nem a confusão do ônibus lotado tirou a vontade de ler dos passageiros. A linha de Antônio tornou-se a mais disputada do pedaço.Há sete meses, porém, o cobrador foi transferido para a linha 82, que parte do Núcleo Bandeirante com destino ao Setor de Abastecimento e Armazenagem Norte (Saan). Ali, recontou sua história. E mais livros chegaram. A casa modesta onde mora de aluguel com a mulher, filho e uma enteada não coube mais tanta coisa. Ele teve que alugar um barraco para guardar o acervo que não parava de chegar. Todo mês, desembolsa R$ 120, do salário de R$ 569, para pagar o aluguel do lugar onde está seu tesouro. Hoje são mais de 4 mil livros.

Dedicação à cultura Quem pega o livro assina uma ficha, que vira o cadastro. Lá, consta o nome do leitor e o telefone. Nada mais. Prazo de devolução? “Varia de acordo com a capacidade de leitura de cada um”, ele explica. Em um ano, não mais que 10 livros deixaram de ser devolvidos. “Jamais vou deixar de levar meu projeto pra frente porque um ou outro não devolveu. Os honestos não podem pagar pelos não honestos”, reflete o cobrador — filho de um lavrador e uma catadora de coco babaçu. Antônio deixou os confins do Maranhão atrás de um sonho: estudar e “ser alguém na vida”.Aqui, entretanto, por causa das dificuldades financeiras, ele ainda não conseguiu terminar o ensino médio. Precisou trabalhar para sobreviver. Foi auxiliar de serviços gerais, balconista, vendedor e, há 8 anos, virou cobrador. Levou o desejo de estudar para dentro do ônibus. Realiza-se quando observa um passageiro extasiado com seus livros. “Quem lê tem uma visão mais crítica das coisas, do mundo e da vida. Aí, se liberta”, ele filosofa. E, assim, durante seis horas e meia por dia, seis dias por semana, faz o que mais gosta: leva conhecimento a quem, na maioria das vezes, não teria condições de comprar um livro.
5.2 Biblioteca Itinerante socializa a leitura

Biblioteca itinerante socializa a leitura em Gramado

Depois de muito transportar pessoas de um estado brasileiro a outro, a empresa rodoviária Itapemirim criou um projeto social para aproximar a leitura das comunidades urbanas, rurais e das periferias do Brasil. Dois ônibus foram adaptados para abrigar uma biblioteca móvel.Antes de estacionar em Gramado, a unidade Itapemirim esteve na capital gaúcha, Porto Alegre/RS. São mais de mil exemplares, entre livros infantis e adultos, gibis, revistas e jornais. Tudo pode ser acessado gratuitamente, das 10h às 17h. A Biblioteca Móvel fica na frente do Centro de Cultura de Gramado até o dia 20 de dezembro, inclusive nos finais de semana. Há uma outra unidade, patrocinada pela Shell, que segue a mesma proposta.

http://www.youtube.com/watch?v=TgILriJ_K50

De Norte a SulA biblioteca itinerante mantida pela Itapemirim conta com a parceria de empresas e editoras e já percorreu 17 estados brasileiros. O monitor Rogério Ferreira de Jesus trabalha há dez meses no projeto, que lhe permitiu conhecer diferentes realidades do Brasil, além de promover a aproximação de crianças e adultos com a leitura. “Queremos mostrar que ler é prazeroso, quebrar aquela imagem de que ir à biblioteca é castigo, como acontece muitas vezes nos trabalhos de escola”, diz.Inclusão cultural“Há um livro para cada pessoa”, afirma Rogério, destacando que o projeto tem como objetivo atender a todos os públicos, trazendo desde livros de referência até gibis. Exemplares em Braille também fazem parte do acervo. “Temos um curso de Libras programado, para promover ainda mais acessibilidade”, informa o monitor. Formado em Turismo, Rogério salienta que o trabalho que desenvolve junto à biblioteca exige mais uma abertura pessoal do que algum tipo de especialização. “É um trabalho muito humano, você precisa ter carisma, e isso está em você, é da pessoa”, considera.Escolas A turma da 3ª série do Ensino Fundamental do Colégio Cenecista Visconde de Mauá foi visitar a biblioteca na tarde de segunda-feira, 10. Acompanhados pela professora Lúcia Nelz, os estudantes demonstraram familiaridade com os livros. As escolas têm feito agendamentos para visitar a biblioteca. Os monitores contam a história do projeto e depois a turma fica livre para consultar os livros. Vídeos da Maurício de Souza Produções também são passados para os alunos no ônibus.Gosto pela leitura“Gosto muito de ler, quando você começa a ler parece que está dentro do livro”, diz Lucas, um dos alunos que visitou a biblioteca. A professora Lúcia garante que em suas aulas o estímulo à leitura é constante. “Semanalmente eles têm ficha de leitura. Procuro fazer trabalhos diferentes para que eles aprendam a gostar de ler e não encarem apenas como uma obrigação”, conta. Sobre a Biblioteca Móvel Itapemirim, Lúcia afirma que gostou muito do projeto. “As crianças adoraram, já vieram aqui várias vezes”, finaliza.ProgramaçãoAlém do empréstimo de livros, a biblioteca itinerante conta com programações específicas. Às 15h, tem contação de histórias com fantoches. Às 16h, oficinas. Às 16h30min, o espaço é aberto à cultura local: apresentações de capoeira, declamação, etc. Em Gramado, a Biblioteca Móvel Itapemirim conta com o apoio da Biblioteca Pública Cyro Martins, Secretaria de Educação e Esportes e Centro de Cultura.Números Em 20 meses de funcionamento com as duas unidades – Itapemirim e Shell – a Biblioteca Móvel percorreu 46 mil quilômetros e chegou a 70 localidades. Cerca de 175 mil pessoas foram atendidas. Em cada unidade, o acervo conta com cerca de 1,2 mil exemplares. Artes, culinária, ensino, filosofia, história, geografia, literatura Infantil e juvenil, ficção, poesia, meio ambiente, saúde, cidadania são alguns dos temas contemplados.