quinta-feira, 27 de novembro de 2008

4.Projeto Leia Brasil

PROJETO LEIA BRASIL





Projetos como o Leia Brasil oferecem acesso à leitura e estimulam estudantes de comunidades carentesO hábito da leitura é um dos mais prazerosos cultivados pelo ser humano ao longo da história. Não só como passatempo. Ler é um exercício para o corpo e para a mente. Além de queimar calorias (sim, ler queima calorias!), é também a chamada atividade neuróbica, isto é, uma espécie de “ginástica” para o cérebro.Mas assim como todo hábito, a leitura também precisa de estímulo para se tornar algo realmente prazeroso e não só mais uma obrigação. Dados da Câmara Brasileira do Livro do ano de 2006 mostram que somente 10% da população brasileira – 17 milhões de um total de 170 – lêem entre um e dois livros por ano. A média do País está na marca de 1,8 livros lidos, ao ano, por habitante enquanto na França, por exemplo, esse número salta para sete.Para aumentar a quantidade de leitores no Brasil, vários projetos se propõem a estimular a população a ler. Um desses é o “Leia Brasil”. Por dez anos — do 2º semestre de 1991, quando foi criado, a 2001 – o “Leia Brasil” foi um projeto exclusivo da Petrobras. A partir de 2002 virou uma Organização Não-Governamental, mas ainda conta com a parceria da estatal e de outras empresas. A ONG tem como objetivo principal incentivar a leitura e combater o analfabetismo funcional (denominação dada à pessoa que sabe escrever, de forma precária, e que não desenvolve a habilidade de interpretar frases). No País, essa condição faz parte da vida de 75% dos brasileiros, de acordo com o Instituto Paulo Montenegro, do grupo Ibope.Para alcançar essas metas, o “Leia Brasil” utiliza não só a linguagem escrita, mas também recursos audiovisuais. “Damos ênfase à linguagem escrita, mas trabalhamos também com outras linguagens como a imagem, o som, as artes cênicas, artes plásticas, tudo isso para estimular a leitura”, conta Ana Cláudia Maia, que está há seis anos na Organização e é coordenadora de projetos e editora das publicações da ONG.Uma das idéias defendidas por Ana Cláudia e pela “Leia Brasil” é que não basta somente distribuir livros para incentivar o hábito da leitura. “Existem muitas pequenas bibliotecas que funcionam em comunidades. E por que essas bibliotecas conseguem um trabalho tão bom e as bibliotecas públicas estão abandonadas? Não é simplesmente ter um local para leitura, mas sim o trabalho que essas pessoas realizam para que a comunidade se interesse e passe a utilizá-la”, explica. E as iniciativas governamentais de estímulo à leitura não são suficientes: “Para um País do tamanho do nosso o que se investe é ainda muito pouco”, afirma o prof. dr. em Educação, Elydio dos Santos Neto, diretor da Faculdade de Educação e Letras da Universidade Metodista de São Paulo.Uma das mais curiosas – e bem sucedidas – iniciativas da “Leia Brasil” são as bibliotecas volantes, caminhões recheados de livros que funcionam como bibliotecas itinerantes. No total, são sete veículos, que chegam a transportar 10 mil livros cada um por quase 500 escolas nas regiões Sudeste e Nordeste.Cinco desses veículos ficam na região da Bacia de Campos, no norte do Estado do Rio de Janeiro. Outro localiza-se na Baixada Santista, em São Paulo e o sétimo fica em Sergipe, onde atende 28 municípios. Cada caminhão visita uma média de 60 escolas. Para que todas sejam atendidas é feito um rodízio, para que cada escola seja visitada a cada dois meses, período em que os livros são emprestados à escola e aos estudantes. “Os grandes responsáveis para estimular os estudantes são os próprios professores”, explica Ana Cláudia, que acrescenta que existem cursos, oficinas, várias atividades para ajudá-los a melhor conduzir os alunos no mundo dos livros. E esse é um trabalho que tem importância fundamental na transformação das regiões alcançadas.“Cultura é vital para o ser humano. Quando ela é levada aos que não têm acesso, a exemplo das bibliotecas itinerantes, instaura-se uma verdadeira revolução: de idéias”, diz o sociólogo Helio Sales Rios.Além dos caminhões, a organização já promoveu atividades semelhantes a essas que ocorrem nas escolas em comunidades carentes e favelas do Rio de Janeiro. “A gente está sempre pensando em novos projetos. Nós começamos, junto com a Fundação Cultural de Curitiba (PR), um curso de formação de agentes de leitura, que são pessoas, líderes comunitários que vão trabalhar a questão da leitura dentro de suas comunidades”, explica Ana Cláudia.Apesar do trabalho, Ana Cláudia diz que colher os frutos é o que motiva todo o projeto: “Visitar uma escola é emocionante. É o momento em que a gente vê que fez alguma diferença. Saber que as crianças estão lendo os livros que estão lá no caminhão, no projeto, dá uma sensação muito boa, de fazer diferença na vida de alguém. Isso é gratificante”, conclui a coordenadora.

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